Informativo FAESP-SENAR-AR/SP - Edição Nº 04 - page 19

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INFORMATIVO FAESP |
OUTUBRO /2016
representativos não conhecedores
dos benefícios desse sistema de tra-
balho, este foi imprescindível para a
sobrevivência das famílias que, guia-
das por sua fé, persistiram acreditan-
do em seu trabalho no campo. Nas
décadas seguintes surgiram incenti-
vos ao plantio, como aquele traduzi-
do pela frase: “Plante que o governo
garante”. Todavia, não davam garan-
tias adequadas, seguras ou recursos
de financiamento (valores irreais).
Nas décadas de 50 e 60 do século
XX, as políticas adotadas de substitui-
ção de importações impulsionaram a
industrialização do país e consequen-
temente acentuaram a crise do setor
rural. Nessa época, os grandes fazen-
deiros, em detrimento de suas ativi-
dades agrícolas, passaram a investir
na indústria. Destaque-se, então, o
pesado ônus suportado pelo setor ru-
ral em fornecer capital, divisas e mão-
-de-obra, as mais qualificadas, para
o desenvolvimento industrial. Vale
lembrar, nesse contexto, que o então
presidente Juscelino Kubitschek já
acenava com a promessa de que faria
para a agricultura, em seu próximo
governo, o mesmo que fez com a in-
dústria: “desenvolver 50 anos em 5”.
Passado um breve período de
crescimento econômico do país, uma
nova sucessão de crises solapou a
economia brasileira. A inflação e a
estagnação da economia marcaram
a década de 80. O Estado brasileiro
tornou-se insolvente, acarretando a
conhecida moratória. A agropecuária
não passou imune a esse período e,
no final dos anos 80, intensificou-se o
êxodo rural e a exclusão social.
Outro exemplo foi a enorme difi-
culdade enfrentada pela cotonicul-
tura brasileira, fazendo-a quase de-
saparecer e, com ela, a força de uma
indústria têxtil responsável por inú-
meros postos de trabalho.
Nos anos seguintes, com o enfra-
quecimento generalizado da econo-
mia brasileira, sucederam-se planos
econômicos para tentar recuperá-la.
Mas, como muitos desses foram he-
terodoxos, tiveram efeito contrário
alimentando crises com elevadíssimo
custo social, até o início dos anos 90.
Em relação a agropecuária, a década
de 90 foi marcante, pois expôs o setor
rural a novas e profundas transforma-
ções. Uma das principais foi o esva-
ziamento do modelo de intervenção
(regulamentação) do Estado, carac-
terizado pelo controle e garantia de
preços, manutenção de estoques re-
guladores e maior disponibilidade de
crédito rural. Concomitantemente,
a economia atravessou período de
alta inflação, seguido pela estabili-
zação econômica e intensificação do
processo de abertura comercial. A
partir desse novo panorama, foi im-
posto à agricultura um novo modelo
de mercado, com intervenção míni-
ma do Estado. Essa transição elevou
os riscos dos produtores rurais, criou
problemas e distorções ainda presen-
tes no setor agropecuário, determi-
nando ciclos alternados de expansão
e retração. E mais, a alternância de
um modelo de grande intervenção
do Estado para um de livre mercado
não foi acompanhada da necessária
adequação de instrumentos, por falta
Surgiu então a figura do colonato como uma das formas encontradas para atrair e
manter o trabalhador rural e suas famílias nas valiosas terras brasileiras
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