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INFORMATIVO FAESP |
OUTUBRO - NOVEMBRO - DEZEMBRO
próximos dois anos. A partir de 2020,
a projeção do especialista é menos
otimista: de apenas 3% ao ano.
Putnam cita que a China foi bem-
sucedida em seu plano de desenvol-
vimento econômico nas últimas três
décadas e que esse é um dos motivos
por detrás da desaceleração. A eco-
nomia foi modernizada por meio de
infraestrutura nos últimos anos, mas
os mesmos investimentos hoje não
têm o mesmo impacto porcentual no
cálculo do PIB.
Além disso, Putnam destaca que
a migração de pessoas de zona ru-
ral para áreas urbanas, hoje em 15
milhões de habitantes ao ano, deve
se desacelerar – com implicações
negativas sobre o setor de infraes-
trutura. “Isso adiciona 3 pontos por-
centuais ao avanço do PIB, mas essa
fonte de crescimento vai diminuir e
desaparecer”, antecipa.
O especialista nota que as expor-
tações da China estão estagnadas e
a desvalorização do iuane é mais um
indício disso, em vez de uma solução
para o problema. Como nos Estados
Unidos, a população chinesa tam-
bém tem envelhecido, o que prejudi-
ca o consumo e, por consequência, a
economia. Isso também vai obrigar o
governo a gastar mais em saúde, re-
duzindo investimentos para outras
áreas.
Se a desaceleração é evidente e
inevitável, Putnam busca tranquili-
zar o mercado financeiro, afirmando
que a maior parte deste efeito já foi
embutida nos ativos hoje negocia-
dos. Em outras palavras, o mercado
já sabe o que esperar. Segundo ele, a
desaceleração chinesa também “não
será um baque, pois o governo tem
instrumentos para evitar isso”.
O economista-chefe do CME
Group se diz confiante de que a atua-
ção do governo chinês mitigará o ce-
nário e evitará surpresas negativas.
Em compensação, a desaceleração
da China implica pressão sobre as
commodities no mercado internacio-
nal. Isso se junta aos baixos preços
no mercado do petróleo, em virtude
da grande oferta e da falta de sinais
de que os países árabes vão reduzir
sua produção. “Estamos nessa era de
preços de commodities reduzidos,
que deve continuar entre os próxi-
mos quatro, cinco ou seis anos, até
que o crescimento econômico nos
leve de volta a pontos altos no ciclo”,
concluiu.
Clima
“Após um forte El Niño, com
frequência, o mundo passa por uma
La Niña muito forte, com o efeito
oposto”, destacou Blu Putnam. Em
sua fala, alertou o setor produtivo a
se preparar para maiores oscilações
nos preços das commodities em vir-
tude dos eventos climáticos. “Se hoje
chove [por causa do El Niño, depois
teremos seca – La Niña]. Se hoje está
quente, amanhã haverá frio. Estamos
prevendo muita volatilidade nos pre-
ços da agricultura”, ressaltou. Nessa
linha de raciocínio, Putnam prevê
que os preços de commodities agrí-
colas, que hoje estão em patamares
considerados baixos pelo mercado,
podem não permanecer neste nível
daqui a dois anos. “O El Niño provoca
mudanças nas correntes marítimas
que afetam a La Niña. E quando ela
chegar, pode reverter tudo em ter-
mos de projeções para a agricultura”,
disse.
O economista se disse otimista
com o ano de 2016, que não deve ser
marcado por forte recuperação glo-
bal, mas também não deve enfrentar
a mesma pressão internacional ob-
servada em 2015.
Putnam não pôde participar do Summit Agronegócio Brasil 2015, mas traçou perspectivas econômicas para o setor em vídeo