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ESPECIAL
OUTUBRO - NOVEMBRO - DEZEMBRO /2015
| INFORMATIVO FAESP
Recentemente, a FAESP foi
indagada na XIII Convenção
Nacional da Associação dos
Diplomados da Escola Superior
de Guerra (ADESG) sobre as
perspectivas do Brasil no sécu-
lo 21. Obviamente, a turbulên-
cia atual pela qual passa o País
não contribui para uma análise
precisa, entretanto, quando se
projeta a economia, sobretu-
do o setor do agronegócio, os
prognósticos ainda são muito
positivos.
O agronegócio brasileiro é
muito competitivo e tende a ga-
nhar expressão no mercado in-
ternacional, pois reúne recursos
e características que se tradu-
zem em vantagens competitivas
estratégicas. Mesmo com as de-
ficiências da nossa infraestrutu-
ra logística, a não realização de
acordos comerciais pelo Brasil e
as inadequações das legislações
trabalhista, previdenciária, tributária, dentre outras, que
limitam os investimentos e as atividades produtivas, em
longo prazo, a produção nacional crescerá e o Brasil eleva-
rá sua participação no comércio mundial.
Contudo, os países e os blocos econômicos se movem
muito mais rápido que o Brasil e o Mercosul. A multipli-
cação de acordos bilaterais no mundo e a recém-lançada
Parceria TransPacífico ilustram nossa fragilidade na área
de Comércio Internacional. Além disso, as incertezas polí-
ticas e econômicas atuais se impõemsobre as perspectivas
de longo prazo. Os empresários queremumdesfecho para
o momento atual, pois sem essa definição não há um am-
biente favorável à tomada de decisão e aos investimentos.
Sob esse prisma de análise, entendemos que vale a
pena debater a situação atual e analisar a gênese dos nos-
sos males para a finalidade precípua de buscar soluções e
escapar do atoleiro emque nos encontramos. Não há tem-
po a perder, os indicadores econômicos pioram a cada se-
mana e nenhuma solução adequada e justa é apresentada
pela área econômica do governo. O que se vê é a reitera-
ção de propostas antigas, quais sejam: aumento de impos-
tos, intenção de cobrança de grandes devedores da União,
suspensão de benefícios e mais burocracia.
Paralelamente, na esfera política, o cenário continua
indefinido e intranquilizador,
com o Poder Executivo e sua
estrutura político-administrati-
va gerando instabilidade e mais
incertezas, agravando a situação
econômica e inviabilizando o
estabelecimento de condições
mínimas de construção de um
pacto suprapartidário em prol
dos interesses nacionais.
A retomada do crescimento
econômico depende do resta-
belecimento da confiança e de
uma solução que fortaleça as
instituições democráticas de
direito, caso contrário, o Brasil
poderá vivenciar um aprofunda-
mento da crise e experimentar
um prolongado período de es-
tagnação, com desequilíbrio so-
cial e outras consequências dele
decorrentes.
Como brasileiros, não po-
demos deixar isso acontecer e
assistir a intensificação de retro-
cessos no bem-estar social, como os que vêm acontecen-
do desde 2014, com a elevação do desemprego, redução
do poder aquisitivo das famílias e piora na distribuição de
renda.
É imperativo encontrar uma solução alicerçada na res-
ponsabilidade pública, nos termos constitucionais e no
princípio da separação e independência dos Poderes. E
para esse mister, a sociedade, por meio das instituições
econômicas, sociais, religiosas e setoriais desempenham
um papel crucial na cobrança da classe política e, ao mes-
mo tempo, na manutenção dos instrumentos da ordem
social.
Em seguida, deve-se refazer a agenda programática
do País. É preciso fazer o ajuste fiscal, com redução de
despesas ao invés de elevação de impostos, repensar as
despesas vinculadas da União e o tamanho do Estado para
depois enfrentar as reformas estruturais fundamentais ao
País.
Esperamos, assim, que as dificuldades atuais unam as
lideranças nacionais em torno do que realmente é impor-
tante e imprescindível para a nação e deem lugar a um
programa sequencial de reformas e ações modernizadoras
do País, capaz de integrar as classes econômicas e sociais,
em benefício de “todos” os brasileiros.
A economia brasileira na
perspectiva da agropecuária
FábioMeirelles
Presidente do Sistema
FAESP-SENAR-AR/SP